Como já deve ter dado para perceber, eu sou fã dos filmes de artes marciais. Há muita coisa boa e atual sendo lançada, como a série Ong Bak ou os filmes sobre o Ip Man.
Entretanto, ainda acho que a grande diversão está nos filmes produzidos nos anos 70, especialmente os títulos de kung-fu da Shaw Brothers. Se hoje eles continuam sendo fantásticos, imagine na época em que foram lançados.
É fácil imaginar o impacto que as cenas de luta vindas de Hong Kong causaram em toda uma geração dominada pelo esquema “soco no estômago/soco no queixo”, tradicional dos westerns hollywoodianos, Starsky and Hutch e, por que não dizer, do próprio cinema americano. Deve ter sido uma novidade capaz de conquistar fãs e mais fãs numa velocidade maior que os chutes do Bruce Lee.
Dentro deste gênero e época, A Câmara 36 de Shaolin, de 1978, é um clássico essencial e absoluto. Pela primeira vez, um filme de kung-fu mostrava o tão famoso Templo Shaolin.
Até então, nenhum diretor havia conseguido retratar o treinamento pelo qual os monges passavam até tornarem-se grandes lutadores. Um dos principais motivos é que as principais estrelas dos estúdios não queriam raspar a cabeça, vejam só. Além disso, um filme sobre monges não abre muito espaço para papéis femininos, uma das principais armas de bilheteria da época. Foram estes problemas que possibilitaram ao diretor Lau Kar-leung, já consagrado como coreógrafo de outros filmes, estrelar uma produção com seu irmão adotivo e discípulo de kung-fu, o até então desconhecido Gordon Liu, no papel de San Te.
Mesmo quem não é fã do gênero irá lembrar de Gordon Liu em um de seus mais recentes papéis. Fã declarado, Tarantino o homenageou em Kill Bill escalando-o para os papéis de Johnny Mo, o líder dos Crazy 88, a guarda pessoal mascarada de O-Ren Ishii, e Pai Mei, o temido mestre de barba branca que ensinou a Noiva a lutar de verdade.
A história de A Câmara 36 de Shaolin, como sempre, não possui muitas complicações. Durante o governo dos Manchus, um grupo de rebeldes opositores do regime infiltra-se na população usando o disfarce de professores. Assim que o plano é descoberto, o general massacra a todos, restando apenas o jovem San Te. Aos olhos do garoto, a única alternativa passa a ser buscar refúgio no Templo Shaolin, aprendendo kung-fu com o objetivo de ensinar o povo a se defender. Assim que ele chega ao Templo, então, o foco do filme é o exaustivo treinamento ao qual San Te é submetido.
O treinamento é composto por 35 câmaras. Em cada uma delas, os alunos aprenderão a dominar uma habilidade específica e fortalecerão seus corpos e espíritos. Após passar por todas elas em tempo recorde, San Te recebe um prêmio: poderá cuidar de qualquer uma das câmaras à sua escolha. Porém, os objetivos dele são mais ambiciosos. O que o prodígio deseja é criar uma nova câmara, a 36 do título, onde irá transmitir seu conhecimento aos cidadãos oprimidos. Ao ter seu pedido negado, San Te recebe uma punição e deve recolher contribuições fora do Templo Shaolin. É então que sua verdadeira luta contra o general tem início.
Para quem gosta de filmes de kung-fu, filmes dos anos 70 ou mesmo deseja entender melhor a riqueza de Kill Bill, A Câmara 36 de Shaolin é obrigatório.
O que é legal: Sons de chicote a cada pancada. Barulho de velocidade até num simples movimento da cabeça. Pancadaria rolando solta, com e sem armas. Treinamento Shaolin!
O que não é legal: Ao contrário do que acontece, seria bacana se o filme mostrasse todas as câmaras. Se fosse o caso, acho que ele teria no mínimo o dobro de sua duração. Mas não acho que alguém fosse achar isso ruim.
Filme sensacional! Talvez o primeiro filme “de arte” de artes marciais, ahaha… O requinte na produção e a direção diferenciada são marcantes!
Parabéns pelo blog, muito legal!
Tmbm falo sobre cultura pop no meu: http://maisespertoqamaioriadosursos.wordpress.com/
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