Você senta na poltrona O13 do cinema (a melhor). Desliga seu celular, localiza as saídas de emergência e assiste aos trailers. Então tudo fica escuro. Ao contrário do que acontece na maioria das vezes, o que vem a seguir não é uma música estourando, com uma tomada aérea de NY que clareia a sala toda. Nada disso. Surge apenas uma tela toda preta, e os créditos em branco, um após o outro. A cada troca, fica tudo escuro de volta. E assim, desde o primeiro segundo de filme, você lembra de como ir ao cinema é uma experiência bacana.
É esse tipo de coisa que faz do Tarantino um diretor sensacional. Ele não conta histórias, ele faz filmes! No sentido mais puro da palavra, ele ama tudo isso. Somente um diretor com essa visão de filme pelo filme poderia fazer o que ele faz em Inglourious Basterds: subverter a História sem parecer ridículo ou apelativo. Pelo contrário, sendo genial.
Não quero dar spoilers, então vamos ao que pode ser contado. Em plena Segunda Guerra, a França está ocupada pelos nazistas. Entre eles está Hans Landa, um coronel da SS conhecido como “O Caçador de Judeus”. Fazendo jus a seu apelido, ele persegue cada um deles com um empenho inacreditável. Mesmo assim, uma garota judia consegue escapar de suas garras malignas e, anos mais tarde, se estabelece em Paris como dona de um cinema. Paralelamente, um grupo de justiceiros conhecido como Bastardos Inglórios, capitaneado por Aldo Raine, busca a qualquer custo uma oportunidade de matar Hitler e o alto escalão do III Reich. Enquanto não chegam lá, eles têm um único objetivo: causar o maior tormento que puderem aos nazis. Serem cruéis. Arrancarem os escalpos dos alemães! Tudo isso converge para um ponto comum e, em determinado momento, as histórias da garota e dos Bastardos se cruzam. Então temos mais um filme belíssimo do nosso sempre vingativo e ensandecido Quentin Tarantino.
Inglourious Basterds tem tanta coisa legal para ser dita que fica difícil falar dele. Cada câmera é pensada, trabalhada. A entrada do personagem do Eli Roth (diretor do Albergue!) em cena é antológica. O final é apoteótico. Alguns momentos são o fino do humor inglês, com piadas sutis espetaculares. Outros exploram o humor escrachado, coisa que o Brad Pitt sabe fazer muito bem quando interpreta esses tipos caricatos. E as piadas são boas mesmo! Falando em interpretação, o tal do Cristoph Waltz faz miséria na tela. O coronel Hans Landa é um vilão de verdade, daqueles que você chega até a gostar. Mas, quando a plateia está quase admitindo isso, ele mostra que é ruim pra caralho. É mau e desgraçado. É o típico nazista que adoramos odiar. Por mim, o boneco de ouro do próximo Oscar já pode ir pras mãos dele.
Quando li as primeiras críticas sobre Inglourious Basterds, na estreia do Festival de Cannes, por um momento achei que o Tarantino iria decepcionar. Que besteira pensar isso. Ainda tá pra nascer um filho da puta que saiba fazer filmes como ele.
Não deixe de ver esse filme. E, importante: se puder veja no cinema. Nesse caso, a experiência vale o ingresso.
O que é legal: As cenas de ação são tão furiosas e violentas que fica impossível não abrir um sorriso sádico em cada uma delas. Os tiros são secos, detalhados. Tem muito do Thriller aí. Aliás, outro filme que comentei aqui no Cagando Regra está representado lá. Ao contrário dos outros filmes do Tarantino, onde a trilha sonora é uma coleção de músicas pop, aqui ele usa muito menos este recurso, preferindo trilhas instrumentais. Em duas ou três partes toca um dos temas de Dark of the Sun, que tem a atriz Yvette Mimieux no elenco. Guarde esse nome para lembrar da referência quando assistir ao Inglourious Basterds. Esse tipo de coisa é um dos maiores baratos dos filmes do Tarantas.
O que não é legal: Desta vez o Tarantino pesou a mão com força em duas coisas nas quais ele é mestre: diálogos e referências ao próprio cinema. Muitas vezes a ação é deixada de lado, e longas conversas carregam o filme. Na maioria das vezes elas são sobre cinema ou diretores alemães. Eu gosto muito quando ele faz isso (como na primeira cena, que já nasce clássica). Entretanto, pode não agradar todo mundo.
Vai vendo o trailer, é eletrizante:
cara, os diálogos são foda o primeiro principalmente, não sei se vai agradar muito pq são muito grandes. eu achei foda pra caralho… exprosivo
o cara é um gênio…
foda!!
Não tem como ler e não querer assistir os filmes q vc descreve nesse blog!
Apesar das cenas violentas…
… próximo da lista! ;)
[…] que é legal: Se você gostou de Inglourious Basterds, amigão, tem obrigação de assistir a esse filme […]