O Filho do Rambow é um pequeno filme, comovente e singelo, sobre um tempo que já se foi. Entre câmeras velhas e videocassetes, dois garotinhos empenham-se em produzir um filme amador. Assim nasce não só uma obra que resume o espírito do que é o cinema, mas também uma amizade improvável entre eles.
Will é o garoto tímido, comportado e puro. Sufocado pela religião, não pode nem ao menos assistir TV. Sua criatividade explode em centenas de desenhos feitos nos cadernos da escola.
Lee Carter é o garoto rebelde, maloqueiro, cruel, dado a espertezas. Resumindo, é aquele guri que você odiava porque roubava seu lanche no colégio. O moleque é apaixonado por cinema, e pega escondido a câmera de seu irmão mais velho para fazer pequenos filmes.
De uma confusão na escola, acaba que os dois fogem juntos da diretoria e vão parar na garagem da casa de Lee Carter. Como Will precisa ficar escondido lá por um tempo, por curiosidade ele acaba ligando o videocassete. Então o pequeno coroinha tem seu primeiro contato com a TV, o cinema, as imagens em movimento… E esta estreia é justo com Rambo: First Blood!
É um choque. O moleque vai à loucura!
Esta era a faísca que faltava para os dois unirem seus talentos – a criatividade de um e o conhecimento técnico do outro – e realizarem seu pequeno grande filme.
O diretor é Garth Jennings, o mesmo de O Guia do Mochileiro das Galáxias, então talvez haja alguma parábola no filme, do tipo diretores independentes contra grandes estúdios. Ou talvez eu esteja forçando a barra e isso seja apenas um exagero de interpretação. Não importa. Havendo parábola ou não, O Filho do Rambow continua sendo um filminho bem legal.
O que é legal: O filme que os guris produzem mistura cenas do Rambo original com tomadas absurdas, como a de um cachorro voador. É um choque entre as produções pretenciosas dos “adultos” e “o que é feito com o coração” pelas crianças.
O que não é legal: Em dado momento, alguns adolescentes intercambistas franceses entram na produção do filme dos garotos. Por mais que seja bacana, a caricatura passa do ponto e fica meio ridículo. Ou não.